
ESG: Enquanto uns militam outros ganham dinheiro com o mundo sustentável
A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) divulgou sua primeira previsão para a produção mundial de cereais em 2021, prevendo uma produção de quase 2, 8 bilhões de toneladas, um novo recorde e 1,9% acima dos níveis de 2020. Imagina que a produção de alimentos precisa seguir aumentando, com sustentabilidade, produzir mais em menor área possível, e ainda fazer aquela esgrima para não apanhar da sociedade, fazer o correto, avançar, e trabalhar na educação de base para que a compreensão de como funciona o setor e de como tem exemplos maravilhosos de sustentabilidade. A minoria que erra o passo da proteção ambiental não pode afundar a imagem da maioria que vem investindo forte para proteger o maior patrimônio que envolve água, solo, floresta, para seguir produzindo nas futuras gerações. Esse é o caminho.
Esta semana tive a satisfação de fazer uma Live pela Liga do Agro e falamos no tema Agropecuarista com visão digital e sustentável. Nosso entrevistado foi o amigo de longa data, Bernhard Kiep – Executivo do Agro Digital, atualmente porque a experiência e as atividades de Bernhard não se resumem assim, está no conselho, ou co-investidor/fundador ou executivo em 10 Startups voltadas para o Agro. Além de ser produtor rural. Faz integração lavoura e pecuária. O papel importante das startups, com estratégia no campo, me chamou atenção. Quando se fala em pecuária como é difícil conciliar os números, dentro de todos os ciclos, e fazer previsão de abate, as pequenas propriedades e o gerenciamento da criação, tem um aplicativo chamado “inLida” que é de uso gratuito, simplificado, para atender até o peão que vai conferir prenhes no meio do campo, e pode do celular colocar tudo em planilhas simples no celular ‘offline’, e depois subir na plataforma. O inLida- está para androide por enquanto. Boas iniciativas. As ideias que saem do papel e se transformam em ferramentas em um mundo cada vez mais digital. Assim destacou Bernhard. Na tecnologia abordamos a dificuldade, que todos nós sabemos, de lidar com este embate de sustentabilidade onde a melhor defesa não pode ser o ataque, e sim o diálogo para mostrar o que fazemos de bom. Um dos pontos que entramos em discussão foi a irrigação que avança devagar e tem o preconceito pela falta de informação quando se fala em aproveitar muito melhor os recursos hídricos sem prejuízo para o meio ambiente. Conheci toda irrigação no estado de Nebraska nos Estado Unidos num processo em parceria com o Bernhard Kiep, em 2009, por lá também teve um processo de educar a sociedade, de conscientizar o produtor, para só então entender como é importante irrigar na medida certa, com planejamento, sem comprometer o meio ambiente, tudo com base cientifica sem “Fake News”.
Nosso ralo dos recursos hídricos é o mar. Teoricamente os números no Brasil apontam que 80 por cento das águas da chuva vão para o mar. Especialmente no Nordeste a discussão ainda é grande. Se devemos manter a vasão do Rio São Francisco chegando até o mar, perdemos 60 por cento para o oceano. Por que perder água para o mar? Poderíamos fazer como nos Estados Unidos, que seguram 90 por cento das águas no território para irrigação, deixam 10 por cento para o mar que está de bom tamanho. Fica sempre aquele “mas”, por leis sem base técnica.
Ficamos na polarização entre os produtores e a sociedade que diz que protege o meio ambiente e escolher entre um e outro vira briga. Temos que ter o tom conciliador, como bem lembrou nosso entrevistado, adotar o estilo Alisson Paulinelli que estamos na torcida, quem sabe o futuro Prêmio Nobel.
Bernhard recebeu uma equipe de jornalistas da Europa e mostrou que na propriedade, dentro da integração lavoura pecuária, ele tem 30 por cento de floresta, 30 por cento de pastagem e 30 por cento de agricultura, mais ou menos nesta proporção. Foi questionado, a jornalista deduziu que ele seria a exceção, que teria outra cultura. Mas, Bernhard foi enfático e rebateu dizendo que a lei aqui é para todo mundo, e a grande maioria cumpri o que manda a legislação ou está em processo de cumprir. Mas o que aparece lá fora é apenas fumaça. Enquanto isso, nem bem estamos conseguindo moldar a sustentabilidade vem mais uma sigla: ESG, que envolve práticas ambientais, sociais e de governança. Mais um discurso no mundo empresarial. Startups de diversos portes foram identificadas, cercar de 343 empresas, relacionadas a ESG, entre elas as que desenvolvem soluções de meio ambiente, outras que vendem soluções de impacto social e outras com desenvolvimento de governança. Tudo se cria, e se monetiza, já existe o cargo de diretor GLOBAL DE ESG- impacto.
Entre uma sigla e outra vamos ver o que temos na prática. Nada mais é do que fazer o considerado básico. Sustentabilidade na raiz envolvendo o econômico, o social e o ambiental e ainda administrar tudo isso lidando com um mundo digital e fiscalizador.
Criar nichos de mercado em tempos de militância ambiental é uma ótima maneira de ganhar dinheiro nessa briga, e quem é do agro não deve entrar na briga, deve entrar com a solução, usar tom conciliador e mostrar o que faz na prática para cumprir a mais rigorosa lei ambiental do planeta. Viva a natureza, viva o sustentável. Dia Mundial do Meio Ambiente
Marcelo Lara- Consultor de Comunicação, especializado em Agronegócio