Foi dada a largada para mais um “Plano Safra”. As entidades que representam os produtores em diversos setores do campo, cada um puxando a brasa para o seu assado. Mas é tudo de uma forma estruturante para buscar cada vez mais um “Plano Safra” que seja previsível. Todos estão mandando sugestões para o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, de acordo com a necessidade de cada cultura, de cada realidade dentro da agricultura e da pecuária.
A luta sempre foi por um plano safra plurianual desde que o mundo é mundo. Mas já foi difícil chegar no ponto de entender que o ano safra é diferente do ano em exercício, que uma safra começa em um ano e termina em outro e lá se vão os recursos já escassos.
Uma gincana, uma ginástica para mexer com os juros, e ao mesmo tempo fazer política. A divisão da agropecuária acaba muitas vezes criando uma certa disputa pelos recursos, entre agricultura familiar, pesca e aquicultura, defesa agropecuária, assistência técnica, governança fundiária, pesquisa, tudo demanda recursos.
Assistência técnica e extensão rural devem sempre estar entre as prioridades, é a base para sermos mais eficientes no campo e melhorar nossas médias que acabam prejudicadas pela diferença entre o produtor que consegue utilizar toda a tecnologia disponível e o que faz o básico. Você tem o fomento ao setor agropecuário, programa de aquisição de alimentos, e a reforma agrária que hoje leva a linda palavra sustentável. A sustentabilidade que muitas vezes não passa de uma expressão bonita. Na prática foge do verdadeiro significado.
Quem pensa que construir um “Plano Safra” é fácil não faz ideia do que é mexer com diversos ministérios e buscar fechar a conta com o Ministério da Economia e ver onde o setor consegue fazer valer cada centavo investido.
Os temas são conectados, regularização fundiária, assistência técnica, comercialização, crédito e seguro. Ah o Seguro rural. Novamente precisamos de previsibilidade e não uma gincana todo ano em busca de recursos, junto com as mudanças de regras com o jogo andando, deve vir mais mudança por aí.
Foi iniciado um trabalho de pedido de sugestões para diversas entidades para elaboração do Plano Trienal do Seguro Rural 2022/2024. Mas tem que combinar com os russos, o russo é sempre o orçamento. Neste vai e vem de chegar a um bilhão de reais, e depois ver os recursos contingenciados, ainda bem que vai seguir a liberação por cultura e não tudo de uma vez o que significaria uma concorrência desleal, com benefício total para o Banco do Brasil. Mas é uma construção, a concorrência acirrada, e o Banco do Brasil sempre ali disputando com o setor privado com a vantagem de ter as linhas de crédito para acenar para os produtores. Mas um produto de seguro mais robusto é a iniciativa privada quem constrói, as seguradoras são especializadas, cada vez mais preparadas para no momento do sinistro estar em campo para atender o produtor com coberturas, sempre inovadoras, atendendo a realidade de cada cultura e de cada região. As seguradoras não vendem dinheiro, elas vendem soluções de seguro para garantir a continuidade dos produtores. Conversando com meu amigo economista que hoje está em Minas gerais , Rafael Alberton, alinhamos nesta posição. Não podemos falar em novo modelo de seguro, títulos verdes e novas alternativas de financiamento se as ações chegarão ao setor agropecuário somente pelo Banco do Brasil (BB). O produtor não quer mais ter venda casada e nem estar “no cabresto” de somente um banco.
Há necessidade de uma maior adesão do setor bancário brasileiro, e internacional e que isso seja identificado com novos bancos financiando o produtor rural no agro brasileiro. Este ano com a procura aquecida pelo seguro rural. O volume de recursos não deve ser suficiente para atender o mesmo número de produtores e área de 2020. De R$1,061 bilhão para o Programa de subvenção ao prêmio do seguro rural já caiu para R$967 milhões. O valor ainda está sujeito a mudanças. Para quem estava sonhando com R$1,3 B. Temos muitos desafios pela frente.
Vamos esperar pelo próximo plano safra e pela mudança de cenário que se tornou uma pandemia de saúde pública, de economia, de política e de insegurança judiciária. É o Brasil de hoje.
Marcelo Lara- Consultor de Comunicação