O Brasil, desde a a virada do último milênio, passou ser reconhecido como locomotiva agrícola do mundo segue aumentando seu papel como um dos principais fornecedores de alimentos. O relatório sobre perspectivas agrícolas 2021-2030 publicado pela Agência das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), no início do mês de julho, conclui que a China continuará com enorme influência nos mercados agrícolas, e não é para menos, qualquer mudança no hábito alimentar e na renda per capta dos chineses mexe com todo mercado.
Existe um déficit chinês no comércio agrícola que cresceu e muito nos últimos 20 anos e hoje chega a algo em torno de US$ 86 bilhões de dólares e vai seguir na próxima década com expansão das importações, mas em ritmo menor em razão de menor crescimento da população, saturação no consumo de algumas commodities e ganhos de eficiência em sua própria produção. Eles estão investindo em diversos setores.
O ruim para o Brasil é que o relatório prevê que a China pode se tornar o novo principal mercado para exportações agrícolas dos EUA. A América Latina vai apresentar um aumento na produção agrícola de 14% nos próximos 10 anos. Nas carnes que tem uma preocupação quando se fala em hábitos alimentares. A produção mundial de carne bovina é projetada para crescer somente 6% (4 milhões de toneladas a mais) nos próximos dez anos, representando 9% do aumento do consumo de carnes em geral. Frango representará mais da metade da expansão da produção mundial de carnes.
O consumo global per capita de carne bovina vem caindo desde 2007 e é projetado para diminuir mais 5% até 2030. O relatório antecipa queda de consumo, inclusive nos países que mais tem preferência por essa carne, como a Argentina e o Brasil. Com tanta campanha “vegana” era de se esperar. Mas o consumo sobe mais 8% na China até 2030, após alta de 35% na última década. Reportagem do jornal O Valor confirma que o Brasil vai seguir como maior exportador de carne de frango e vai se tornar o maior de carne bovina com 22 por cento do mercado mundial.
O Brasil continuará dominando também o mercado mundial de soja com os EUA. Até 2030, o Brasil deverá representar 50% das exportações totais de soja. Interessante todos estes números que fazem a gente refletir como o produtor brasileiro vai se portar diante deste cenário, ou melhor ainda como a sociedade brasileira vai enxergar o campo daqui para frente, vai seguir nesta divisão de fazer do setor um vilão, ou vamos conseguir mostrar a sustentabilidade crescente do setor que vai seguir forte gerando emprego e renda, mas como seria bom gerar também a sensação de orgulho na sociedade como um todo.
Quando falamos em acabar com a fome no mundo esquecemos de valorizar a vocação do Brasil que é produzir alimentos. Geramos mitos e caímos na desinformação. Aproveito para lembrar sobre os transgênicos. Acompanhei muito o processo desde o início das primeiras variedades de transgênico no Brasil e tanta polêmica com uma tecnologia que é uma biotecnologia revolucionária, mas que foi feita com marketing errado. Uma manchete me chamou a atenção “ Fazer oposição a transgênicos é luxo de quem não passa fome.” Um Webinar da Associação dos Cientistas Espanhóis da República Federal da Alemanha, sobre Organismos geneticamente modificados na Europa. Foi ali que saiu essa afirmação.
Simples, os cientistas deixaram claro há milênios são feitas modificações nos alimentos com ferramentas disponíveis em cada época e quando surgiram os transgênicos essa modificação não parou. Disseram que os enxertos existem desde a idade do bronze e a partir dali ocorrem as trocas de genes. Que a engenharia genética é feita desde o Neolítico e nada aconteceu mesmo sem ter a tecnologia que se tem hoje.
Duvidar da biotecnologia é um retrocesso. Até que enfim os cientistas estão perdendo a paciência com os absurdos que muitos pregam para criar monstros onde não existem e perdemos de avançar ainda mais com tanta polêmica desnecessária em vez de aplaudir novas tecnologias que ajudam a alimentar o mundo. E ainda saiu esta máxima “Enquanto cientistas e empresas se calam, ambientalistas e políticos fazem campanhas de desinformação sobre os transgênicos. Quem desinforma sobre a biotecnologia agroalimentar não diz que as vacinas e os medicamentos são transgênicos.”
Essas contradições no mundo atual que desperdiçam energia e tempo, quando o foco deveria ser alimentar o mundo com sustentabilidade e muita tecnologia.
Marcelo Lara- Consultor de Comunicação.