Quando falo em conexão do campo com a cidade e leio um artigo como o que está no Jornal Valor Econômico, com o título “Agro é tudo. Mas nem tudo é pop”, vejo que a guerra está só começando e a desconexão ainda é uma realidade.
O artigo tem contradição, logo depois do segundo paragrafo, primeiro fala do potencial e que o uso intensivo de tecnologia obteve ganhos de produtividade e evitou maior desmatamento e logo depois categoricamente afirma que o agronegócio brasileiro é uma ameaça. Vai do desmatamento até a violência no campo, jogando toda a culpa nas costas largas dos produtores, inclusive a corrupção.
Nesse momento, quando pela primeira vez temos números favoráveis para combater o lixo que os produtores vem engolindo nas últimas décadas, o setor é acusado de ser ideológico por buscar uma defesa técnica.
Sabemos que os números podem ser usados da maneira que favorece a causa de cada pessoa, como no próprio artigo que resolveu desmerecer o fato de termos 66 por cento de terras preservadas e faz um comparativo com países de “grande representatividade” como “Suriname”, nossa!!! Fiquei impressionado ao saber pelo artigo que o Suriname tem 98,3 por cento do território preservado, por favor, isso beira ao ridículo da comparação.
Um debate coerente tem que ser feito dentro da construção sustentável que se busca hoje, com bom senso, sem buscar os extremos para destruir a imagem da agropecuária brasileira que leva tiro dentro de casa, imagina lá fora. Finalmente quando grandes lideranças do campo e da cidade começam fazer movimentos sensatos de mostrar ao mundo que o Brasil é uma locomotiva agrícola do planeta e sim estamos construindo uma sustentabilidade forte, sem demagogias, vem o ataque ao Agro é pop para colocar mais uma marca em quem defende o setor como sendo os ideólogos da vez. Ideologia é seguir massacrando a agropecuária em vez de ajudar na conexão entre campo e cidade e construir um produção cada vez mais sustentável, corrigindo onde se deve corrigir como qualquer outro setor.
Os problemas do Brasil devem ser resolvidos em casa e não propagar para o mundo fatos pontuais e esquecer todo o investimento em tecnologia e melhoramento que vem garantindo ganhos de produtividade e sustentabilidade no verdadeiro sentido da palavra, que prega o social, o ambiental e o econômico.