A sustentabilidade do plano safra e o entendimento dos agentes financeiros

O Plano Safra, lançado na semana passada, foi  um dos mais prestigiados em Brasília. Quem pode acompanhar a transmissão percebeu toda movimentação de políticos e lideranças, e como o agronegócio anda chamando a atenção para as políticas públicas e o trato com um dos principais pilares da nossa economia. Apesar de todo o atraso na aprovação do orçamento que deixou o setor preocupado. Como todos já comentaram, o cobertor já era curto, imagina com toda a situação de pandemia. Mesmo assim agradou.  

Muito já se falou desde o anúncio, quero reforçar a questão da sustentabilidade. Importantíssimo marcar forte neste quesito, é uma luta danada estar sempre na defensiva buscando mostrar o que os produtores brasileiros fazem, e são capazes de fazer pela produção sustentável. Nada como políticas públicas, e transparência nos números, via governo federal, para quebrar com narrativas destrutivas que reforçam os pontos negativos da minoria e apagam os avanços feitos no campo nesse sentido. Todos querem melhorar a sustentabilidade da produção brasileira. Ponto estratégico e necessário.

  Quando fui a campo para fazer reportagem específica sobre a linha ABC, Agricultura de Baixo Carbono, em 2013,  era novidade ainda, linha que surgiu em 2010 com o nome Agricultura de Baixo Barbono, mas que  hoje o significado teve uma alteração para “Programa para Redução de Emissão de Gases de Efeito Estufa na Agricultura”.

Na época eram R$2 bilhões de reais. O problema estava na aprovação, menos de 50 por cento dos recursos chegavam nos produtores. Primeiro a burocracia imperando, e de cada 50 projetos apenas 5 conseguiam passar pelos agentes financeiros.  A grande dificuldade era fazer o gerente entender como é uma “Integração Lavoura Pecuária Floresta” por exemplo. Sem fazer o agente financeiro entender o complexo sistema, ficava difícil a aprovação. Lembro que em Belo Horizonte MG um projeto de produção orgânica demorou um ano para ser liberado porque não entendiam que o produtor precisava plantar crotalária, que é uma leguminosa para adubação verde e serviria de base para um pomar de frutas orgânicas. No projeto do produtor, agricultura familiar,  tudo está interligado, tinha ovinocultura, milho verde e frutas.  Felizmente avançamos nesse processo para tornar menos burocrático e entenderem as novas tecnologias com práticas sustentáveis, agricultura e pecuária sustentáveis.

Agora para este plano temos R$5 Bilhões de reais, o dobro do volume do ano passado.  Pode parecer pouco, mas vai produzir efeitos gigantescos para estimular cada vez mais os avanços nesta área e todo mundo sai ganhando, os projetos precisam estar alinhados para aprovação. Temos novidades que chegam marcando pontos, linhas que envolvem unidades de produção de bioinsumos e biofertilizantes, sistemas de geração de energia renovável, crédito coletivo de R$ 20 milhões de reais para geração de energia elétrica a partir do biogás e biometano.

Os bioinsumos, por exemplo,  estão fomentando a pesquisa e encorajando a aplicação dessa tecnologia inovadora. Bioinsumos são insumos biológicos de origem animal, vegetal ou microbiana capazes de interferirem positivamente no crescimento e produção agropecuário e florestal. Reduz o uso de insumos químicos, o que diminui a dependência de insumos importados sintéticos, reduz o  impacto ambiental. Movimentam uma economia bilionária e estão  com taxa anual de crescimento superior a 10%, conforme dados da Embrapa. Vamos apostar neste Brasil rural e moderno, duas palavras que no passado não se juntavam, modernidade com campo faz toda diferença.

Marcelo Lara- Jornalista, Consultor de Comunicação.

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