O alerta foi dado. Mas é um alerta e providências cada um vai no seu jeito. Com uso de tecnologia e escolha do que plantar e como plantar, o problema é o quando. Mas o clima sim o clima é sempre uma eterna previsão usada por investidores, especuladores (sendo redundante), pesquisadores, comentaristas, e os produtores ficam com a tarefa mais difícil que é buscar as melhores fontes de informação, monitorar, plantar quando der e rezar.. porque não? O restante da turma é só coadjuvante olhando os verdadeiros jogadores em campo que são os produtores, buscando a melhor safra. O gol na hora de colher e pode te o placar revertido pelo mercado. Mas o pontapé inicial depois do planejamento é com o plantio, e esse já está atrasado. Ah o ZARC, Zoneamento Agrícola de Risco Climático, as janelas ideais, atrasar uma vem a consequência para quem faz o milho segunda safra. Projeções e todo mundo fazendo conta. A Agência de Clima Norte Americana decretou no mês de outubro a instalação de fato do fenômeno La Niña e deve fiar acampado até o final do verão. Bichinho que incomoda, sendo simplista é o resfriamento da temperatura do oceano Pacífico. É nessas horas que a gente entende a complexidade do planeta, tudo está interligado. Ele resfria as águas do Pacífico e o produtor do Rio Grande do Sul fica sem chuva. Sim o reflexo maior, dentro das previsões mais extremas, dos institutos de meteorologia, quanto mais ao sul pior fica com relação a falta de chuva. Generalizado no Brasil todo o atraso no plantio é realidade. Os gaúchos é que estão com a luz vermelha acesa de olho na confirmação ou não dos efeitos La Niña que podem comprometer a safra de verão sim. De outubro a fevereiro previsão é chover 26 por cento abaixo da média histórica, subindo no mapa a previsão melhora, Santa Catarina menos 7 por cento e Paraná se aproxima da média histórica de chuva.
Mas não se pode deixar de analisar os extremos e não só a média. Tem gente que vai perder muito e tem gente que pode não perder nada. Parece aqueles analistas que falam, falam e não dizem nada. Mas quando você olha para os extremos passa entender porque a briga é grande para fechar números de safra e nesse quesito saímos do olhar dos produtores de grãos, como milho e soja, que estão no momento de stress que é ter condições de plantar e ver o ciclo iniciar, e focamos a análise nos nosso cafeicultores. Sim ali tem uma complexidade muito maior. Sempre na expectativa de ver os cafezais floridos, parece uma gestação porque quando a combinação com altas temperaturas a florada tem aborto e lá se vai a perspectiva de iniciar uma boa produção. Cada propriedade se transforma em uma realidade.
Faltou chuva entre março e setembro e teve onda de calor em regiões produtoras como sul de minas. Vem pela bienalidade com safra menor para ano que vem. Tem cafezal que secou. Lavouras novas e mais antigas sentiram os efeitos. A primeira florada de agosto passou batida, setembro frustrou não veio na época certa. Chuvas irregulares. Mas aí fica aquela expectativa para avaliar mesmo as consequências no final de novembro. Lavouras de todos os tamanhos e diferentes realidades, uma loucura analisar ou especular com o café, mas é o que mais fazem. Quem se estressa é o cafeicultor. Para nós resta torcer por uma boa safra, bons preços e tomar aquele cafezinho diariamente para contribuir com o consumo.
Marcelo Lara- Consultor de Comunicação