Cereal rei, violência no campo, monitoramento da soja e investimentos no agro brasileiro

Hoje vou seguir numa análise de safra e de investimentos. A política foi mais do mesmo, sem novidades. O desafio dos produtores, nesta safra, é o plantio de milho. A falta de planejamento dos elos que produzem,  e que precisam do milho, reflete em anos como este com demanda forte, que faz o grão atingir o maior valor, desde 2013, na bolsa de Chicago.  Estoques de passagem nos Estados Unidos revisados para baixo, e a crescente exportação para a China, fazem a composição do cenário e o produtor brasileiro fica cauteloso na busca por preços maiores e os compradores resistem em aceitar os preços em alta. E vem o clima,  desfavorável,  com o atraso no plantio do milho safrinha, chegou no final de fevereiro com 38 por cento da área destinada para o grão, bem abaixo do ano passado quando o plantio  chegou perto de 70 por cento nesta mesma época do ano.  Dados que acompanhei em levantamentos feitos por instituições financeiras e consultorias.

 A preocupação com o abastecimento de milho para o setor de proteína animal segue. Mesmo com otimismo se mantém a posição de reduzir a produção nas indústrias do setor para suportar este cenário.  Tem discussões até para importação de novas variedades, geneticamente modificadas, para ração animal que depende da CTNBIO- Comissão técnica Nacional de Biossegurança.

E a alta nos custos de fertilizantes vem a reboque, para quem acha que fazer planejamento de uma empresa a céu aberto é fácil. Outro tema que me chamou a atenção e nunca deixa de ser atual é sobre a violência no campo. Nota da FAESC- Federação de Agricultura de Santa Catarina,  revela  que aumentou, nos últimos anos, a criminalidade no campo, e mostra  a fragilidade de todas as  iniciativas até agora para garantir segurança e tranquilidade no campo.  Segurança e tranquilidade são duas palavras que se tornaram tão distantes do atual cenário que vivemos.

   Desde a criação do observatório da criminalidade no campo, projeto da CNA, os relatos foram ampliando. Crise sanitária causada pela pandemia do novo coronavírus, a crise económica, a onda de criminalidade no campo são mais do que preocupantes. Tem alguns fatos que são bizarros como no interior gaúcho teve até um padre que resolveu assaltar supermercados, a insanidade esté preocupante.  

A onda crescente vai de furto de máquinas, equipamentos e animais, e com a ousadia de abaterem os animais no próprio local, retirarem as partes nobres e depois abandonarem a carcaça. Recentemente, os ladrões utilizaram dois caminhões para furtar 50 cabeças de gado de uma fazenda no interior do município catarinense de Santa Cecília, causando prejuízos de meio milhão de reais ao pecuarista, relata a FAESC. Os crimes vão muito além do patrimônio, tem relatos de  estupros, latrocínios, assaltos, sequestros.

Falta chegar internet boa no meio rural. A  comunicação é um ponto base para que programas de segurança e sistemas eficazes de combate ao crime possam ser implementados no interior. A prioridade de hoje no mundo é a  saúde, mas segurança no meio rural precisa ser repensada. Difícil hoje em dia priorizar ações diante de uma guerra que vivemos nesta pandemia.

Por outro lado, vemos investimentos.  A espanhola Citri&Co, maior produtora de frutas cítricas da europa comprou uma participação minoritária na empresa do Ceará Agrícola Famosa. Eu estive lá, por volta de 2006,  fazendo reportagem,  mostrando toda aquela potencia na produção de melão.  Produzem melancia também. Mas impressiona toda a estrutura que tem e o planejamento. Desde a compra das sementes até a exportação.  Com a nova sociedade, a ideia é ampliar as vendas para os Estados Unidos e Ásia. A ideia, que li no jornal o Valor Econômico, é construir  ou comprar unidades de processamento de frutas no Brasil e no exterior.  No ano passado foram enviados 200 contêineres de frutas para os Estados Unidos  a previsão é mandar mais de 500 contêineres na safra que começa em setembro.

Como é bom ver movimentos assim. Outro movimento é da Bunge na onda crescente de não basta ser honesto tem que parecer honesto, então amplia o monitoramento no cerrado, a rastreabilidade da sustentabilidade. A empresa lançou um programa de monitoramento para a soja que compra no cerrado brasileiro, de maneira indireta.  Revendas e parceiros vão acessar o sistema de rastreamento da empresa, incluindo imagens por satélite.  A previsão é que  100 por cento  de toda cadeia de fornecimento esteja monitorada até 2025. Nas compras diretas hoje são cerca de  oito mil propriedades, uma área que passa de onze milhões de hectares.   O piloto está sendo realizado.  O monitoramento tem o compromisso com as cadeias de produção livres de desmatamento.  

Para encerar  fica meus parabéns para as mulheres pelo dia Internacional da mulher, elas estão cada vez mais dominando o planeta imagina no agro a força que elas representam. Nessa hora surge o apelo dos produtores de flores, setor que movimenta bilhões sofre também e muito com a pandemia. O setor passou fazer campanhas mais fortes para que as mulheres recebam flores, não somente em datas especiais, mas porque elas merecem sempre.

Marcelo Lara – Consultor de Comunicação.

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