Da seca para a geada, ano para riscar do calendário agrícola ou aprender com ele

O café pós geada é um divisor de águas na busca por proteção. Para quem achava estar protegido da geada em regiões que teoricamente não seriam atingidas por frentes frias, bastaram duas ondas de frio para provarem o contrário e mexer com o planejamento futuro. O seguro rural veio com força total para reforçar a criação de novos produtos que atendam a realidade da cafeicultura tão complexa, mais do que muitos imaginam.

Municípios mineiros decretaram calamidade pública. Mais do que susto, o prejuízo é real. O município de Patrocínio, sede da federação dos cafeicultores do cerrado, tem 52 mil hectares de produção é o maior produtor do país, também decretou calamidade. A responsabilidade é muito grande nesta hora de fazer um levantamento preciso. Todas as lideranças se mobilizaram. São considerados 04 níveis de danos, geada muito severa, severa, medianamente severa e branda.   Em 2016 já veio um aviso com geada branda, depois 2019 mais severa, e agora 2021 o impacto forte. Nos diferentes níveis a preocupação é com as pequenas propriedades, produtores com poucos hectares que podem perder totalmente o cafezal e a renda. A geada muito severa pode significar ter que arrancar o cafezal inteiro. Imagina o impacto social, econômico e emocional numa cultura que é diferente em todos os aspectos.  Imagina ficar duas ou três safras sem produção, isso se tiver chance de recompor o cafezal. Atingiu cafezais de 900, de 1000 metros de altitude. Além da geada não podemos esquecer que os cafezais sofreram  déficit hídrico, seca no ano passado, falta de agua e frio, a energia da planta pode ser direcionada para sobreviver e reduzir a produção. Ano que vem que poderia ser de safra cheia, vai depender de diversos fatores pés eventos climáticos, aguardar o retorno das chuvas em agosto, setembro,  e ver o que acontece na florada que é sempre decisiva.

Vale ressaltar um fato importante neste histórico quando os cafeicultores passaram se sentir seguros com relação a não ter ocorrência de geadas por um longo período, especialmente  no final da deca de 1990, avançaram nas áreas e passaram produzir em áreas mais baixas, para atender a crescente demanda por café, e foram para áreas de risco de geada. Mudança de planejamento deve ocorrer.  O levantamento está sendo feito para buscar soluções para cada situação.  A Ministra Tereza Cristina salientou esse ponto de planejar e encontrar soluções para os diferentes níveis de perdas.  O seguro rural deve ser encarado como seguro do automóvel, você faz para não precisar usar, mas quando precisar isso pode significar a garantia da sobrevivência financeira do produtor, de permanência na atividade minimizando os prejuízos.   Ano atípico, o café é complexo, mas não vamos esquecer o que está acontecendo com outras culturas, em outros eventos climáticos, como o  milho, uma cultura mais simples, mas a seca  gerou prejuízos, perdas de safra, em uma cadeia tão diversificada que reflete na pecuária.

Pandemia, seca, geada, anos difíceis para todos.

De Brasília  Marcelo Lara.

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